5.5.1. Educação Ambiental como ponte entre políticas, saberes e territórios
A complexidade dos problemas ambientais contemporâneos exige respostas que não podem ser dadas por uma única área, setor ou secretaria. Saneamento, resíduos sólidos, saúde pública, mobilidade urbana, educação, cultura, segurança alimentar, proteção da biodiversidade e justiça social estão profundamente interligados. Por isso, a Educação Ambiental precisa ser construída com base na intersetorialidade — ou seja, no diálogo, cooperação e ação conjunta entre diferentes campos da gestão pública e da sociedade civil.
O PMEA de Charqueada reconhece essa necessidade ao propor ações que atravessam áreas como educação, meio ambiente, assistência social, agricultura, saúde, turismo, cultura e comunicação. Neste tópico, discutimos a importância da intersetorialidade para a implementação efetiva do plano e apresentamos caminhos para sua consolidação como prática política e pedagógica.
5.5.2. O que é intersetorialidade?
A intersetorialidade é uma estratégia de gestão que busca superar a fragmentação das políticas públicas, promovendo articulação entre diferentes áreas e instituições em torno de objetivos comuns. Mais do que cooperação eventual, a intersetorialidade exige:
No campo da Educação Ambiental, a intersetorialidade é fundamental para garantir a transversalidade da temática, a efetividade das ações e a sustentabilidade dos resultados. Como afirma Layrargues (2011), “a intersetorialidade é o princípio organizador da gestão democrática da EA crítica, pois reconhece que o ambiente é atravessado por múltiplos interesses, conflitos e saberes.”
5.5.3. A intersetorialidade no PMEA de Charqueada
O PMEA de Charqueada foi elaborado com base em um processo intersetorial desde sua origem. Oficinas, reuniões e consultas envolveram:
Além disso, o plano propõe metas e ações que só podem ser realizadas com cooperação entre diferentes setores, como:
Essas propostas demonstram que a EA pode funcionar como eixo articulador das políticas públicas, promovendo maior eficiência administrativa, economia de recursos, coesão territorial e apropriação social das ações.
5.5.4. Desafios à construção intersetorial
Embora desejável, a intersetorialidade enfrenta muitos desafios na prática:
Esses obstáculos exigem que a intersetorialidade seja construída como cultura institucional, e não apenas como imposição técnica. Para isso, é necessário:
5.5.5. Intersetorialidade como prática pedagógica e política
A intersetorialidade não é apenas uma ferramenta de gestão, mas também uma prática pedagógica e política. Quando escolas e secretarias dialogam com movimentos sociais, agricultores, profissionais de saúde e coletivos culturais, criam-se territórios educativos ampliados, nos quais a Educação Ambiental se torna espaço de produção de conhecimento, solidariedade, resistência e inovação.
Essas experiências geram efeitos duradouros: estudantes que se sentem parte da comunidade, servidores que compreendem seu trabalho como ação social transformadora, instituições que rompem com o isolamento técnico e assumem a corresponsabilidade pelo bem comum.