2.5.1 Do município ao planeta: Charqueada no contexto da sustentabilidade global
A crise ambiental contemporânea é um fenômeno de escala planetária, mas com impactos sentidos de maneira desigual nos territórios. Suas causas e consequências são atravessadas por dinâmicas econômicas, sociais, políticas e culturais globais, que se materializam em níveis regionais e locais. Assim, compreender os desafios ambientais de um município como Charqueada exige articular o diagnóstico local com os marcos de políticas globais, ampliando o horizonte da ação educativa e da gestão pública.
A Educação Ambiental crítica parte justamente desse pressuposto: os problemas ambientais são estruturalmente interligados e demandam ações articuladas em múltiplas escalas. Isso significa reconhecer que Charqueada, ao enfrentar questões como saneamento, resíduos, desmatamento ou degradação dos rios, está também dialogando — direta ou indiretamente — com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com a Agenda 21, com os Acordos Climáticos Internacionais e com as diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental.
2.5.2. Os ODS como referências integradoras
A Agenda 2030 da ONU, aprovada em 2015, propõe 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que servem como referência para governos, organizações e cidadãos em todo o mundo. Embora universais, esses objetivos só podem ser alcançados por meio de ações locais consistentes e participativas.
O diagnóstico socioambiental de Charqueada revela uma profunda sintonia com muitos dos ODS. Entre eles, destacam-se:
Ao associar seus desafios e potencialidades aos ODS, Charqueada amplia a legitimidade de seu Plano Municipal de Educação Ambiental e fortalece a possibilidade de articular parcerias com organismos internacionais, universidades, fundações e redes de municípios comprometidos com a sustentabilidade.
2.5.3. Políticas nacionais e diretrizes legais
Além dos marcos internacionais, o PMEA se ancora em normativas nacionais fundamentais, como:
O diagnóstico de Charqueada aponta que, embora essas diretrizes estejam presentes de forma parcial na prática local, ainda há desafios a superar em termos de institucionalização, articulação intersetorial e financiamento. Nesse contexto, a elaboração do PMEA representa um avanço importante na territorialização dessas políticas.
2.5.4. A importância da escala local na agenda global
A expressão “pensar globalmente, agir localmente” torna-se mais do que um slogan quando aplicada à Educação Ambiental. O diagnóstico mostra que Charqueada vive, em escala reduzida, problemas que se repetem em diversos territórios do Brasil e do mundo: desigualdade socioambiental, poluição hídrica, crescimento urbano desordenado, esgotamento de áreas verdes, baixa inclusão social nas decisões políticas.
No entanto, o município também abriga práticas promissoras e experiências que podem inspirar outras localidades: plantios comunitários, projetos escolares de hortas e reciclagem, recuperação de matas ciliares, campanhas públicas de educação ambiental e parcerias com o setor privado.
Essas ações, quando documentadas, avaliadas e sistematizadas, podem contribuir para o fortalecimento de redes de municípios sustentáveis, como os consórcios regionais de gestão ambiental, os coletivos de educadores ambientais, os fóruns intermunicipais de bacias hidrográficas e outras instâncias de cooperação.
2.5.5. Conectando escolas, políticas públicas e movimentos sociais
As escolas, ao desenvolverem diagnósticos locais e projetos territoriais de educação ambiental, podem também articular suas práticas às agendas globais, contribuindo para a formação de uma ecocidadania ativa, crítica e planetária.
Isso exige planejamento curricular, apoio à formação docente, parcerias com universidades e ONGs e, principalmente, a valorização do protagonismo dos estudantes e das comunidades. Através de atividades como:
é possível formar sujeitos capazes de compreender sua realidade, agir sobre ela e estabelecer conexões com processos mais amplos de transformação social e ambiental.