3.3.1. A política se faz com o povo: escuta, corresponsabilidade e compromisso com o território
Um dos aspectos mais significativos do Plano Municipal de Educação Ambiental de Charqueada (PMEA) é a forma como suas metas e ações foram formuladas: a partir de processos participativos, intersetoriais e dialógicos. Ao invés de ser um plano elaborado exclusivamente por especialistas ou gestores, o PMEA foi construído com base em oficinas públicas, escuta qualificada de educadores, consultas a conselhos, articulação com secretarias e diálogos com movimentos sociais e representantes da sociedade civil.
Esse percurso confere legitimidade ao plano e o insere na tradição da Educação Ambiental crítica e democrática, onde a política pública é também processo formativo. Como destaca o próprio texto do plano:
“Cada ação prevista neste plano é resultado de contribuições da comunidade escolar, dos conselhos municipais, dos agentes públicos e da população, coletadas em encontros, oficinas, diagnósticos e escutas públicas realizadas ao longo do processo” (PMEA, 2025, p. 42).
3.3.2. Do diagnóstico às metas: ler para intervir
A elaboração das metas e ações teve como ponto de partida o diagnóstico socioambiental do município, analisado nos módulos anteriores. Esse diagnóstico forneceu os elementos fundamentais para a construção de metas coerentes com a realidade local, com foco nas desigualdades, vulnerabilidades e potencialidades territoriais.
A lógica seguida pelo plano foi a de traduzir os problemas identificados em objetivos concretos e mensuráveis, sempre respeitando os seguintes critérios:
Dessa forma, foram definidas 16 metas vinculadas aos cinco eixos estruturantes, cada uma acompanhada de ações correspondentes, prazos, responsáveis e indicadores de avaliação.
3.3.3. Características das metas do PMEA
As metas do plano foram construídas com base em três grandes princípios orientadores:
Por exemplo:
Cada uma dessas metas se desdobra em ações práticas, definidas com base na escuta e nas experiências locais.
3.3.4. As ações como pontes entre a política e a prática
O PMEA apresenta um total de 45 ações, que variam entre ações formativas, estruturantes, comunicativas, regulatórias, educativas e territoriais. Elas representam o nível mais concreto do plano, sendo o elo direto entre os princípios da Educação Ambiental e a prática cotidiana nas escolas, secretarias, bairros e comunidades.
Exemplos de ações:
Essas ações foram pensadas para serem adequadas às condições locais, escaláveis e replicáveis. O plano também prevê que novas ações possam ser incorporadas ao longo do tempo, mediante avaliação participativa.
3.3.5. Participação como valor e método
O processo de formulação das metas e ações do PMEA materializa a ideia de que a Educação Ambiental não é só tema de ensino, mas também metodologia e prática de gestão pública. Ao envolver a comunidade na construção da política, o plano assume a Educação Ambiental como:
Essa perspectiva está em consonância com os ODS 16 e 17, que tratam de instituições eficazes, inclusivas e do fortalecimento de parcerias. Também se alinha à pedagogia freiriana, para a qual todo ato educativo é um ato político que se constrói no diálogo entre sujeitos históricos.
3.3.6. Caminhos para a efetivação
Apesar da riqueza das metas e ações formuladas, sua execução exigirá continuidade política, recursos financeiros, capacitação técnica e participação social ativa. O próprio plano reconhece esses desafios e propõe mecanismos de monitoramento, reavaliação e reformulação contínua.
Entre os caminhos sugeridos estão:
A consolidação das metas do PMEA depende, portanto, de um processo permanente de reflexão-ação-reflexão, em que a política se reinventa a partir da escuta e da prática.