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6.2. Indicadores de avaliação contínua

6.2.1 Acompanhar para transformar: o papel dos indicadores na gestão educativa do PMEA

 

A construção e a aplicação de indicadores são fundamentais para a avaliação contínua das ações de Educação Ambiental, pois permitem identificar o que está funcionando, quais metas estão sendo cumpridas e o que precisa ser ajustado. No contexto do PMEA de Charqueada, os indicadores não são apenas ferramentas técnicas, mas expressões do compromisso ético e pedagógico com a transformação social, ambiental e política do território.

Este tópico apresenta o conceito de avaliação contínua, diferencia os tipos de indicadores aplicáveis à EA e propõe exemplos alinhados às metas e ações do PMEA, respeitando os princípios da participação, da contextualização e da intersetorialidade.

 

6.2.2. Avaliação contínua: processo formativo e pedagógico

 

Diferente de avaliações pontuais ou meramente somativas, a avaliação contínua consiste em um processo permanente de observação, análise e reflexão sobre a execução do plano, permitindo ajustes ao longo do caminho. No PMEA, ela deve ser entendida como:

  • uma prática pedagógica, que gera aprendizados institucionais e comunitários;
  • uma prática política, que reforça o controle social e a transparência;
  • uma prática metodológica, que orienta os processos de revisão e tomada de decisão.

Esse tipo de avaliação requer olhar atento e escuta ativa, valorizando tanto os dados objetivos (como número de ações realizadas) quanto os aspectos subjetivos (como percepções, sentidos atribuídos e vínculos gerados).

 

6.2.3. Tipos de indicadores: estruturais, processuais e de impacto

 

Autores como Tadeu Malheiros (2009) propõem que os indicadores aplicáveis à Educação Ambiental podem ser organizados em três grandes categorias:

  • Indicadores estruturais: avaliam as condições institucionais para a execução do plano (existência de equipe técnica, orçamento específico, legislações e espaços institucionais de participação).
  • Indicadores processuais: acompanham o desenvolvimento das ações e estratégias (número de atividades realizadas, número de escolas envolvidas, participação de diferentes públicos, qualidade das articulações intersetoriais).
  • Indicadores de impacto: buscam aferir as mudanças geradas a médio e longo prazo (mudanças de hábitos, melhoria na qualidade ambiental, consolidação de redes de EA, fortalecimento da cidadania ecológica).

Essa classificação ajuda a criar uma visão mais completa e integrada da política pública, reconhecendo que nem toda transformação é imediatamente mensurável, mas que os processos e estruturas também são parte essencial da mudança.

 

6.2.4. Exemplos de indicadores aplicáveis ao PMEA

 

A seguir, são apresentados exemplos práticos de indicadores de avaliação contínua que podem ser utilizados pelo município, considerando os eixos do plano:

  • Estruturais:
    • existência de um fundo municipal de Educação Ambiental com orçamento anual previsto;
    • número de servidores nomeados para funções técnicas na área ambiental e educativa;
    • regularidade das reuniões do COMDEMA e de comissões intersetoriais.
  • Processuais:
    • número de escolas com projetos ambientais integrados ao currículo;
    • número de oficinas, campanhas e mutirões realizados ao longo do ano;
    • diversidade de setores envolvidos nas ações (saúde, turismo, cultura, educação etc.);
    • grau de satisfação dos participantes nas atividades.
  • De impacto:
    • ampliação do número de famílias participantes em hortas comunitárias ou projetos de compostagem;
    • percepção da comunidade sobre os efeitos das ações ambientais (avaliada por enquetes ou entrevistas);
    • melhoria de indicadores ambientais locais (como volume de resíduos reciclados ou qualidade de nascentes).

Esses indicadores podem ser sistematizados nos relatórios anuais e revisados a cada ciclo trienal, como parte do processo de atualização do plano.

 

6.2.5. Construção participativa de indicadores

 

Um aspecto essencial da avaliação contínua é que os indicadores não devem ser impostos de cima para baixo, mas construídos e validados com os sujeitos envolvidos. A produção participativa de indicadores:

  • fortalece o engajamento comunitário;
  • valoriza os saberes e experiências locais;
  • garante maior legitimidade e aplicabilidade dos dados coletados;
  • amplia a capacidade de análise crítica e atuação dos atores sociais.

Para isso, podem ser utilizados processos como rodas de conversa, oficinas de autoavaliação, fóruns de escuta, mapeamentos participativos e assembleias escolares. O importante é que os indicadores reflitam o que as pessoas consideram significativo em termos de mudança, resultado e pertencimento.

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