Síntese e perspectivas para os próximos estudos
Ao longo deste primeiro módulo, percorremos os fundamentos da Educação Ambiental sob a perspectiva crítica, reconhecendo-a como um campo em disputa, que expressa diferentes projetos de sociedade, práticas pedagógicas e compromissos éticos.
Inicialmente, compreendemos que a Educação Ambiental tem uma história marcada por lutas sociais e disputas epistemológicas. Seu surgimento está vinculado a crises globais, mas sua consolidação no Brasil se deu de forma particular, entrelaçada com o processo de redemocratização e a luta por justiça socioambiental.
Em seguida, exploramos os principais marcos legais e normativos que estruturam o campo da EA no Brasil, destacando a Constituição de 1988, a Lei nº 9.795/1999 e as Diretrizes Curriculares Nacionais, entre outros. Vimos que tais dispositivos garantem o direito à Educação Ambiental em todos os níveis e espaços educativos, sendo dever do poder público assegurar sua implementação como política permanente, articulada e intersetorial.
O aprofundamento nas correntes teóricas — conservacionista, pragmática e crítica — permitiu identificar suas origens, princípios e implicações pedagógicas. O PMEA, como política pública municipal, alinha-se claramente à perspectiva crítica, por entender que a crise socioambiental é expressão das desigualdades estruturais da sociedade. Nesse sentido, adota a EA como instrumento de emancipação, justiça socioambiental e fortalecimento da ecocidadania.
Desenvolvemos também o conceito de ecocidadania, como horizonte ético e político da EA crítica. Mais do que formar consumidores conscientes ou gestores ambientais, a Educação Ambiental deve formar sujeitos históricos, solidários e participativos, capazes de atuar na transformação da realidade.
Por fim, refletimos sobre a interdisciplinaridade como fundamento pedagógico da Educação Ambiental. Discutimos como ela rompe com a fragmentação do conhecimento e valoriza o diálogo entre saberes, reconhecendo os territórios e a pluralidade cultural como componentes centrais do processo educativo. A partir da contribuição de autoras como Ivani Fazenda, compreendemos a interdisciplinaridade como atitude, escuta e construção coletiva — aspectos fundamentais para práticas pedagógicas significativas e comprometidas com a vida.
O próximo módulo nos convida a olhar com atenção para o território de Charqueada. Iremos estudar o diagnóstico socioambiental do município, identificando suas vulnerabilidades e potencialidades. A análise do contexto local será fundamental para compreendermos por que e para quem se constrói uma política de Educação Ambiental em nível municipal.
Que sigamos juntos nessa caminhada, com espírito crítico, abertura ao diálogo e compromisso com a transformação.